“Não somos médicos ou enfermeiros, mas o serviço de informar os portugueses também é crucial"
- DesPorto
- 5 de mai. de 2020
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Por: Lwezi Neves Correia
Hugo Gilberto, diretor-adjunto de informação da RTP, em entrevista ao DesPorto, fala sobre a alteração das rotinas jornalísticas, bem como a escassez de produto no jornalismo desportivo devido ao surto de Covid-19.

Foto: RTP
Sem sair da segurança de nossa casa, o DesPorto entrou na redação da RTP no Norte para falar com Hugo Gilberto, diretor-adjunto de informação da RTP que também pertence a editoria do desporto para nos explicar como funciona uma redação em tempos de pandemia. Nesta troca de palavras, apercebemo-nos de que Hugo não tem muito tempo para responder, ou melhor, falta-lhe tempo. ‘’Têm sido dias muito difíceis’’, comenta numas das mensagens trocadas. Parece que o tempo tornou-se algo tão precioso nos dias de hoje.
Já se passaram dois meses depois de ter sido confirmado o primeiro caso de Covid-19 em Portugal, mas as medidas de prevenção avançaram em janeiro na RTP. A redação do Porto foi dividida em três: um terço num piso, outro terço noutro e o último terço em casa de prevenção ou teletrabalho. Tendo em atenção a todos aqueles profissionais pertecentes ao grupo de risco foram logo colocados em casa, em regime de teletrabalho.
Segundo o jornalista, a adaptação de todos naquela estação de televisão tem sido muito boa, pois “há um grande espírito de missão”. “Não somos médicos ou enfermeiros, mas o serviço público de informar os portugueses também é crucial’’, afirma Hugo Gilberto, confirmando ainda que têm sido momentos difícies para os mesmos. ‘’Temos família. Temos pais e filhos como toda a gente, mas também temos a certeza de que cumprimos uma missão. Esse é o melhor tónico para nos motivarmos diariamente.’’
Questionado sobre como é que os jornalistas da editoria de desporto se estavam a reajustar a esta nova realidade, a de não haver muitos conteúdos desportivos, Hugo Gilberto admite ter deixado de haver editorias, sendo que passaram a funcionar como um todo, excetuando algumas situações. ‘’Deixou de haver jornalistas de desporto, de cultura ou de informação não diária. Passamos a funcionar como uma pool capaz de responder a tudo. Obviamente, há funções específicas como as de pivô ou coordenador e alguns jornalistas especializados em saúde.’’ No que toca aos reajustes das redações, uma situação idêntica em vários meios de comunicação, acredita que não vai sofrer alterações até porque acha que são ‘’poucos para responder a todas as solicitações a que o dever de informar obriga nesta altura’’.
Porém, continua-se a fazer conteúdos para a editoria do desporto, apesar de pouca informação nesta fase, o jornalista afirma que se continuam a fazer algumas reportagens e entrevistas com figuras ligadas ao mundo do desporto. Acredita também que os desportistas estão mais receptivos a colaborar com os jornalistas, a nível de conteúdo, e que é “importante ouvi-los”, visto que é uma área que vai sofrer muitas mudanças.
Hugo Gilberto, jornalista há 20 anos, não duvida que o desporto vai voltar mais dia menos dia. E quanto ao regresso do campeonato português, que na altura desta entrevista ainda era desconhecido, o rosto da RTP remata: "Aconteça o que acontecer ao campeonato não será importante, neste contexto.’’
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