Óscar Cordeiro: “O primeiro dia em teletrabalho foi um bocadinho difícil de gerir”
- DesPorto
- 29 de abr. de 2020
- 4 min de leitura
Por: Rita Marques Oliveira
O COVID-19 atingiu Portugal e nem o jornalismo nem o desporto ficaram imunes. Em tempos de pandemia, em que o isolamento social se impõe, são diversos os desafios que se colocam aos profissionais que continuam a desempenhar funções. O maior de todos? Continuar a levar o desporto aos espectadores num momento em que o mundo quase parou e quase o levou consigo.
Óscar Cordeiro, jornalista da SPORTTV, passou por um momento “de alguma ansiedade” devido ao COVID-19 e explicou ainda ao desPorto em que moldes se faz hoje o jornalismo desportivo e de que forma se processou esta adaptação.

Após ter estado no Brasil, em trabalho, onde entrevistou Jorge Jesus, técnico do Flamengo, o jornalista regressou a Por
tugal e ao trabalho em redação. Dias depois, iniciou um período de isolamento social imposto pela empresa, não por ter apresentado algum sintoma, mas pelo facto de integrar ” uma de várias equipas que foram definidas pela empresa para que pudéssemos rodar durante este período, de modo a que estivéssemos um período a trabalhar intercalado com folgas, fazendo a vida normal e outras pessoas em teletrabalho. É uma prática comum a todas as empresas e televisões e rádios.”
Apesar de não ter apresentado qualquer sintoma, Óscar Cordeiro revelou ao desPorto que viveu “um momento curioso e difícil de gerir”, no seu primeiro dia em teletrabalho, quando teve conhecimento do resultado do primeiro teste realizado ao técnico português.
“No meu primeiro dia de teletrabalho, é que saiu a notícia que o Jorge Jesus tinha acusado positivo e portanto no meu primeiro dia em teletrabalho, em casa, foi assim um momento um bocadinho difícil de gerir. Não tendo qualquer sintoma, fui na mesma contactado pela minha chefia, e bem, para tentar perceber o que íamos fazer, se eu estava bem com esta situação até porque soube logo que o Jesus tinha acusado um positivo inconclusivo, portanto que iria repetir o teste. Já lá tinha estado, eu e o câmara, há mais de 15 dias, não tínhamos quaisquer sintomas, portanto aguardamos e depois até foi uma pessoa ligada ao Jorge que me disse que ele tinha testado negativo e ficamos tranquilos, embora tenha sido um momento de alguma ansiedade.”, explicou.
Os campeonatos desportivos foram suspensos e o isolamento social não deixa espaço às habituais saídas, que em condições normais preencheriam as agendas desportivas com jogos, conferências de imprensa, reportagens e entrevistas. Estas mudanças também provocaram algum impacto no jovem jornalista que revelou ter que se “redescobrir e regenerar” por forma a adaptar-se a esta nova realidade de trabalho.
Ao longo da entrevista, Óscar Cordeiro revelou um pouco do seu percurso fortemente marcado pela passagem na rádio e na agência de notícias Lusa, o que acredita ter contribuído para a sua capacidade de se redescobrir. Acrescentou, ainda, que “quem tem a escola da rádio e no caso de quem passou pela Agência Lusa terá sempre a facilidade de se adaptar a tudo. Porque na Lusa e na rádio uma das grandes vertentes e um dos grandes hábitos que tinha e que parte de nós tínhamos era correr atrás da notícia”.
O jornalista tem vindo a adaptar-se a estas novas rotinas que se dividem entre “rondas pelas redes sociais”, estabelecimento de “contactos para entrar em direto” com “diversas pessoas ligadas ao desporto - não só ao futebol, mas ao desporto em geral - nos diversos programas que temos em skype” e “chamadas via whatsapp, combinar horários para entrar em direto, (...) e em ultima análise entrarem por telefone nos diversos programas que tínhamos”.
Apesar de encarar este período como um “desafio diário”, em que existem “imensos conteúdos para serem trabalhados” e cuja produção requer “o trabalho jornalístico de sempre, o trabalho de ir à procura da notícia”, o rosto da SPORTTV revelou ao desPorto sentir-se novamente “muito rádio, a correr atrás da notícia, correr atrás do entrevistado, procurar diversas ideias, procurar coisas que pudessem alimentar a antena”. Destacou ainda a importância de “ouvir os protagonistas” enquanto “vozes ativas da sociedade” tais como “treinadores de primeira liga, de segunda, jogadores de primeira, jogadores que estão no estrangeiro”.
Num período em que o isolamento é obrigatório, o jornalismo continua, de igual forma, a cumprir a sua função, a chegar a todos os espectadores e a “dar voz”, o que para Óscar também é importante para que “quem está fora” possa de alguma forma “tranquilizar a família”.
Sobre a possível conclusão do campeonato português e de como se iria desenvolver a cobertura jornalística do mesmo, o jovem jornalista afirma não ter quaisquer indicações, mas acredita que o evento decorreria da forma mais segura possível para todos os envolvidos.
“Não faço ideia porque não sou chefe. (Risos) Essa pergunta acho que era mesmo para o meu chefe e não me quero meter muito nisso. Temos que ter alguma calma e alguma ponderação neste tipo de análise porque se isto vier a acontecer é porque a Liga, uma instituição de referência, com pessoas que trabalham muito e muito bem, de certeza arranjam todas as condições de segurança para que isso aconteça. E depois cabe a cada empresa perceber de que forma é que vai trabalhar, portanto eu acredito que existiriam medidas diferentes caso isso viesse a acontecer nesta fase.
Também não quero estar aqui a tornar-me um opinativo mas creio que qualquer estrutura desse evento, a acontecer nesses moldes, teria todas as condições de segurança e de trabalho.”, explicou.

Apesar do momento de incerteza que assola o país e o mundo, o jovem jornalista evidencia as precauções e cuidados que a empresa (SPORTTV) sempre demonstrou para com os seus colaboradores, destacando a existência de medidas de segurança, caso venha a decorrer algum evento desportivo.
De relembrar que à data da publicação desta reportagem Portugal regista um total de 973 óbitos por COVID-19 e 24505 casos confirmados.
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